CDS/PP na Assembleia Municipal de Lisboa

Discurso do Deputado Diogo Moura - Reforma Administrativa de Lisboa

 

 Grupo Municipal de Lisboa

 

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 Discurso do Deputado Diogo Moura

Projectos- Lei para a Reforma Administrativa de Lisboa

120/XII – PS/PSD – 24 Freguesias

164/XII – CDS-PP – 11 Freguesias

183/XII – BE – Freguesia de Telheiras

184/XII – BE – Freguesia do Parque das Nações

Em Setembro do ano passado, a Assembleia Municipal deu por finalizada a proposta de Lisboa para a Reforma Administrativa de Lisboa.

Com base no estudo encomendado ao ISEG e ao ICS, que apontava para três caminhos possíveis, o CDS teve oportunidade de relembrar o que estava em causa: manter o actual cenário de divisão administrativa, reduzir para 27 freguesias ou criar 9 Distritos Urbanos.

Durante todo o processo, o CDS esteve sempre disponível para colaborar e disse sempre que esta era uma Reforma necessária e premente. Participou numa única reunião com o Senhor Presidente da Câmara, uma vez que nos dias seguintes se veio a saber, pela comunicação social, de um acordo celebrado entre as Distritais de Lisboa do PS e PSD, propondo a divisão da cidade em 24 freguesias.

Um processo, que se pretendia abrangente, foi tratado como um verdadeiro tabu. A discussão pública, essa, foi enviesada pela publicação do Tratado de Tordesilhas do Bloco Central com o objectivo de dividir a Cidade para reinar. Ou seja, metade para ti, metade para mim.

As propostas do CDS, apresentada em Câmara e do BE na Assembleia Municipal, não puderam chegar ao conhecimento da população durante a discussão pública, facto que levou os lisboetas a debruçarem-se sobre a proposta que era apresentada como sendo a única solução. Estivemos perante um embuste político!

É justo enaltecer as iniciativas levadas a cabo quer por esta Assembleia Municipal quer por várias Juntas e Assembleias de Freguesia que, de forma democrática e aberta, deram espaço à apresentação e discussão das diversas propostas.

É assim que se faz política, discutindo pontos de vista, é assim que se faz Cidade.

Mas ao contrário do PS e PSD, que teimaram em manter o “tabu” na discussão, o CDS ouviu os lisboetas e, em sede de Parlamento, apresentou um Projecto-Lei, com um mapa alterado de 9 para 11 freguesias, criando as freguesias de Telheiras e Parque das Nações.

 

Quanto ao PS e PSD, como era expectável, mantiveram-se agarrados a uma proposta que divide a cidade, como já havia dito, para reinar.

A proposta das 11 freguesias permite adoptar um modelo administrativo para Lisboa que só existe para servir o cidadão que, com os seus impostos, o sustenta. E por esse facto, é essencial que o modelo administrativo dê um verdadeiro retorno aos cidadãos. Estamos a falar de um novo modelo de governação da Cidade – este é que era o grande desafio! Assim, com a proposta do PS/PSD, ficaremos com a reforma a meio.

A proposta das 11 freguesias vai ao encontro dos modelos existentes na maioria das capitais europeias, tornando assim Lisboa competitiva e moderna.

Queremos estar a par da Europa e não sermos parte integrante do Livro de Recordes do Guiness por ser a capital com mais entidades administrativas, sejam elas 53 ou 24.

Daí que não entendamos como é que na última Assembleia Municipal o Senhor Presidente da Câmara tenha defendido, na proposta de veículos movidos a electricidade, que Lisboa deva estar ao nível das restantes capitais europeias, mas no que toca à Reforma Administrativa já não pensa da mesma forma.

Ou seja, 2 pesos, 2 medidas e total incoerência racional e política!

Mas voltemos à proposta: O projecto-lei 164/XII, subscrito pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP, propõe ainda mais competências próprias para as freguesias, em particular os postos de limpeza.

Todos partilhamos da preocupação com o problema de insalubridade que Lisboa vive. Com a gestão dos postos de limpeza, será possível efectuar um trabalho de proximidade mais rápido e profícuo, sem ter que depender de serviços camarários para o efeito.

Apresentamos ainda a passagem definitiva para as Juntas no que respeita ao licenciamento de publicidade exterior e urbanismo de proximidade.

O Projecto-lei dá ainda resposta a um anseio antigo dos moradores do Parque das Nações, criando uma freguesia que abranja a realidade urbanística desta zona, tendo por base a fusão dos territórios actualmente pertencentes às freguesias de Santa Maria dos Olivais, em Lisboa, e Moscavide e Sacavém, em Loures.

Relembro que aquando da discussão da proposta 451/2011, PS e PSD escudaram-se no facto de apresentarem um projecto de freguesia “amputado” para o Parque das

 

Nações, por entenderem que não se deviam pronunciar, nesta sede, sobre território de outro concelho. E o CDS considera plausível essa justificação.

Mas então interrogamo-nos porque é que não o fizeram em sede da Assembleia da República? Porque é que o projecto-lei 120/XII não contempla toda a extensão do Parque das Nações?

Porque é que, a par da proposta do CDS, a área da nova freguesia tenha como limites a área da zona de intervenção da Parque Expo?

Senhores Deputados, sobre esta situação é essencial relembrar algumas posições dúbias.

Em Dezembro passado, o Grupo Parlamentar do PS reuniu com a Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações, onde foi transmitida a opinião favorável e claríssima dos socialistas à criação da freguesia em toda a sua extensão. Declarações publicadas no Jornal de Negócios de 20 de Dezembro.

No mesmo periódico estão publicadas as declarações do deputado do PSD Deputado e subscritor do projecto-lei conjunto PS/PSD, que afirma: “há total sintonia e empenho em corrigir este erro histórico que é dividir o Parque das Nações em duas freguesias”, acrescentando ainda que “a extensão até Loures se justifica de acordo com a vontade das populações, com a racionalidade da proposta e até com o bom-senso”.

O mesmo Senhor Deputado António Proa, do PSD, em declarações ao Jornal Sol, em Fevereiro deste ano, declara que apresentará uma proposta de alteração à Reforma Administrativa de Lisboa, acordada entre PS e PSD, de forma a estender a freguesia do Parque das Nações até Loures.

Então pergunto aos Senhores Deputados do PS e PSD e em particular aqueles que são deputados desta casa e subscritores do Projecto-Lei 120, onde estão as promessas feitas aos cidadãos? Onde está a coerência Senhores Deputados?

Onde está a prometida alteração ao vosso projecto-lei? Pois, não está Senhores Deputados e deve ser essa a razão que vos leva a apresentar um parecer favorável ao Projecto-Lei 183 do BE para o Parque das Nações.

Em suma, defendem uma coisa e apresentam outra…

A este projecto-lei está subjacente um acordo entre duas forças políticas, no qual também foi acordado a transferência da gestão dos mercados para as freguesias. Impera perguntar que mercados teremos em 2013?

A proposta do CDS é a única que prevê a dupla descentralização, prevendo a transferência de competências não só do Município mas também da Administração Central, como é o caso da tutela da fiscalização de trânsito da PSP para a Polícia Municipal.

É por estas e outras razões que temos a certeza que o projecto-lei do CDS para 11 freguesias é a melhor resposta para o futuro de Lisboa: autonomiza e rentabiliza ainda mais os recursos técnicos e humanos, é inovador e reformista, cria serviços amigos do cidadão, com estruturas ágeis.

Só a criação de freguesias robustas permite aproveitar ao máximo a suas potencialidades: é preferível ter 11 freguesias fortes a ter 53 freguesias dispersas e fracas, como temos actualmente ou a ter 24 freguesias nem pequenas nem robustas, como defendem o PS e o PSD em conjunto.

Quanto às propostas de parecer hoje apresentadas, reiterar que os documentos apresentados pelo PPM não se consubstanciam em pareceres, uma vez que nada deliberam, pelo que iremos votar contra.

Em relação aos pareceres do PCP relativos aos Projectos-Lei 120 e 164, dizer que obviamente iremos votar contra. Consideramos inadmissível que, tendo em conta a grave crise em que Portugal se encontre, em que a maioria dos portugueses está empenhado em fazer um esforço para melhorar o seu futuro, que se venha a abrir ou considerar a hipótese de o número de freguesias se manter ou até aumentar. O PCP preocupa-se mais com a sua sobrevivência eleitoral do que com os interesses da cidade, mas seguramente que alguém se prepara para o amparar na queda.

Como é que é possível alguém hoje não reconhecer, como é o caso do PCP, que o modelo de Freguesias tem que ser revisto e adaptado aos novos desafios do século XXI?

Afirmam ainda que a redução do número de freguesias significaria maior e ainda mais brutal redução da proximidade e de vida democrática. Ou seja, defendem que devem haver dezenas ou centenas de estruturas, com mais autarcas, com mais despesas e com maior burocracia. Também é óbvio que, ao agregar freguesias e deslocalizando a sede da freguesia, não dite que a mesma integre serviços e espaços físicos espalhados pela futura freguesia.

 

Quanto ao BE, dizer que os Projectos-Lei 183 e 184 vão ao encontro de 2 freguesias novas, propostas também pelo Projecto do CDS, pelo que seremos favoráveis aos mesmos.

No entanto, estranhámos que, em sede de Parlamento, não tenham apresentado a proposta que defenderam em Lisboa e que previa 12 Distritos Urbanos. Seria mais um contributo interessante para este debate.

Mas para que serve essa proximidade sem meios e sem respostas? Onde as competências estão dependentes da disposição do Presidente de Câmara e que podem ser denunciadas a qualquer momento? Para que servem dezenas de freguesias se, com grande dispersão, não se ganha em agilidade nem em poder de decisão?

Afinal, o que queremos do poder local? Uma sede mesmo ao lado da nossa porta ou respostas rápidas e adequadas? É sobre isto que alguma Esquerda deve reflectir.

Se é verdade que os fregueses, ao querer resolver um problema, se dirigem às Juntas de Freguesias, então que estas estruturas sejam dotadas de meios, competências e recursos técnicos, humanos e financeiros.

Numa altura em que os portugueses continuam a fazer sacrifícios difíceis e que se optou pelo inevitável caminho da racionalização de recursos e optimização de meios, o CDS mantém o compromisso de se bater por uma Lisboa mais eficiente, moderna e racional.

Ao contrário do que a Esquerda tenta fazer passar, a Reforma não é nenhuma guerra contra os autarcas. Quando se dá dimensão, mais meios e mais competências às freguesias, dignifica-se o papel do autarca.

Esperemos que, em sede de especialidade na Assembleia da República, os Partidos possam chegar a um entendimento que vá ao encontro dos interesses dos lisboetas, pelo que recomendamos que o “bom-senso” passe de palavras à acção. Pela nossa parte, estamos de consciência tranquila, porque desde o início demonstramos total abertura a um diálogo construtivo e sem tacticismos partidários ou eleitoralistas.

Em forma de repto, deixo-vos com uma frase de perene do saudoso ex-Presidente da Câmara, Eng. Nuno Kruz Abecasis: “Transformar o poder em serviço”. Transformem o poder desta Assembleia, com o voto de confiança que nos foi dado pelos lisboetas, numa demonstração de verdadeiro serviço em prol dos interesses da população e da Cidade.

Deputado Diogo Moura

3 Abril 2012

 

Discurso do Deputado Diogo Moura - Proposta 451/2011 – Reforma Administrativa de Lisboa

A Câmara Municipal de Lisboa, dirigida pelo Partido Socialista, apresentou no seu programa eleitoral a meta de reformar Lisboa administrativamente durante este mandato. E, com esse intuito, encomendou um estudo ao ISEG e ao ICS, cuja equipa foi chefiada pelos Professores Augusto Mateus e João Seixas.

O estudo divulgado, que tecnicamente está muito bem elaborado e fundamentado, apontava três caminhos possíveis: manter o actual cenário de divisão administrativa, reduzir para 27 freguesias ou para 9 Distritos Urbanos.

Recordo que na altura, o CDS fez questão de escrever ao Senhor Presidente manifestando a intenção do Partido em colaborar neste processo tão importante para o futuro da nossa Cidade e que se pretendia o mais abrangente quanto possível.

Mas, após várias reuniões, o Senhor Presidente do Município decidiu fazer um acordo com as estruturais locais e distritais do PS e PSD, dando conhecimento desse acordo ao CDS, apenas 24horas antes de uma conferência de imprensa.

Nesse encontro com o CDS, rejeitou aceitar qualquer comentário ou sugestões sobre a RA, apresentando a questão como negociada e encerrada. Apenas teve a cortesia de nos informar que havia efectuado um acordo para a divisão de Lisboa em 24 freguesias, sem apresentar o porquê das divisões, à excepção dos demográficos, quais os seus critérios culturais, sociais, económicos ou urbanísticos.

O CDS entendeu esta “reedição” do Bloco Central, contrária à ideia generalizada da construção de uma proposta política consensualizada e alargada, optando este mesmo Bloco PS/PSD por outro caminho, a nosso ver menos ambicioso. O Bloco Central fez um verdadeiro Tratado de Tordesilhas da Cidade de Lisboa.

E esse caminho de exclusão continuou a ser trilhado através da proposta 15/2011, a qual propôs a discussão pública relativa à Reforma Administrativa de Lisboa, subscrita pelos Vereadores do PS, Vereadores Independentes e pelo Vereador Victor Gonçalves do PSD.

Tanto na Câmara como na Assembleia, o CDS apresentou uma proposta de aditamento, no sentido de incluir na discussão pública a proposta das 9 freguesias, também ela defendida no estudo.

Também o BE, nesta Assembleia, apresentou uma proposta para 12 freguesias.

Ouviram-se intervenções de parte a parte, enaltecendo o carácter de excelência que o debate público traria para esta reforma. Aliás, os próprios considerandos o diziam: “uma discussão em tabus”…

Mas estas palavras não passaram disso e o que assistimos foi a que PS, PSD e Independentes, quer na Câmara quer na Assembleia, inviabilizaram que outras soluções alternativas fossem do conhecimento público, amputando a verdadeira discussão desta Reforma, anteriormente reconhecida como um enriquecimento.

A propaganda preparada pelo executivo manteve a mesma linha: apenas a proposta para as 24 freguesias. Um sonegar de informação que levou, indirectamente, a que os munícipes encarassem aquele mapa como a única via reformista.

De ressalvar que, por iniciativa própria, algumas Juntas e Freguesias realizaram debates democráticos e abrangentes, que contaram não só com os Partidos proponentes dos vários cenários, mas também das outras forças políticas representadas nesta Assembleia.

O CDS quis dar a voz dos cidadãos, capacitando-os com todos os cenários. A Cidade é deles, é eles que se devem pronunciar. E se esta Assembleia não contribuir de forma construtiva para enriquecer esse debate, então qual é o nosso papel?

Mais, Sr. Presidente, esta matéria, se a lei o permitisse, devia ser objecto de um Referendo Local.

Não estamos a falar de uma matéria menor; trata-se do futuro de Lisboa, da forma como queremos reformar administrativamente uma cidade, sem estar preocupado com lugares políticos nas freguesias mas com aquilo que é verdadeiramente importante: servir com eficácia, desburocratizar serviços e colocar as Freguesias ainda mais perto dos cidadãos, através de competências próprias.

E basta ver outros exemplos europeus para perceber como se poderia simplificar, modernizar, reduzir custos e melhorar a eficácia da Administração Local.

Não é esse o entendimento de um Partido Socialista na Câmara que defende ferozmente Orçamentos Participativos mas que “corta as pernas” aos munícipes no acesso a todas as propostas apresentadas”, bloqueando informação;

Sr. Presidente, o Senhor e o Partido Socialista passam a vida a falar  na Democracia e na Liberdade que o 25 de Abril trouxe, e depois, quando se trata de fazer uma discussão aberta , o Senhor e esta Câmara utilizam práticas com tiques de pura censura.

Eu diria mais, o Partido Socialista insiste em utilizar as técnicas propagandísticas do Eng. José Sócrates. E o Senhor Presidente, nesta matéria, não tem muito de diferente.

Não é esse o entendimento dos Vereadores Independentes, sempre armados em arautos dos direitos e liberdades dos cidadãos, de lhes dar voz e poder no Município e que, no entanto, votam de forma contrária aquela que vêem defendendo, empobrecendo o debate público com a recusa de outras propostas apresentadas;

Não é esse o entendimento do PSD que votou contra mas que, durante o debate e pela voz do Vereador Santana Lopes e passo a citar: “nestas propostas que se estão aqui a discutir, se é dito que se aceitam debates sem tabu, eu não percebo porque é que o Modelo das 9 há-de ser um tabu e há-de também ser colocado à disposição dos lisboetas, para que eles se possam pronunciar”. E, no entanto, na votaram contra.

Num aspecto, o PS e o PSD, nos discursos, estiveram em sintonia. Deram como legitima a sua proposta, sugerindo aos restantes partidos que se envolvessem na discussão pública, quase como se os nossos direitos nesta casa não fossem iguais!

Mas o que se trata, neste momento, é de remeter à Assembleia da República a recomendação daquilo que a maioria neste Município entende como o mapa ideal para Lisboa, novas competências e alterações no financiamento.

E dizemos recomendação porque a competência, claro está, é do Parlamento e a proposta de Lisboa poderá não ser aquela que a Assembleia entenderá como a melhor. Portanto, o que aprovamos hoje é uma proposta de intenções que Lisboa, e bem, se antecipou.

Poderá, e como o CDS defendeu, reduzir ainda mais o número de freguesias, por exemplo.

E é neste momento, em que o processo sai temporariamente da alçada do Município, que apelamos ao PS e ao PSD que se abram a um entendimento e consenso mais alargado com outras forças políticas. CDS está e sempre esteve disponível para dialogar e encontrar consensos que beneficiem o interesse público e  a Cidade de Lisboa.

Ao contrário do que o Sr. Presidente tem anunciado, este processo de Reforma Administrativa só agora é que vai ter início. A competência para reduzir freguesias e para rever as atribuições das Juntas de Freguesia pertence à AR,  daí que exista ainda um longo caminho a percorrer, e o CDS tem a esperança que esta Reforma seja ainda objecto de uma discussão aberta e sem tabus.

 

Deputado Diogo Moura

27 Setembro 2011

 

Intervenção do Deputado Diogo Moura - Apreciação da Informação Escrita do Pres.da CML - 20.09.2011

Exma. Senhora Presidente da Assembleia

Exmo. Senhor Presidente da Câmara

Senhores Vereadores, Deputados

Caros Munícipes


Senhor Presidente,

Numa nota muito breve sobre o anúncio das empresas municipais, até porque nada de concreto nos é apresentado, dizer apenas o seguinte:

A fusão destas 3 empresas em nada poderá beneficiar quer o erário público quer a Cidade porque, basicamente, iremos fundir 2 empresas, a EPUL e a GEBALIS, com resultados negativos (não fosse as novas normas de contabilização o seu resultado, real, seria desastroso) ficará a SRU Ocidental, inevitavelmente, “contaminada” por este resultados de gestão ineficazes.

Voltando ao ponto em análise, a Informação Escrita agora em apreciação leva-nos a questionar o executivo em várias áreas, começando desde já pela inauguração do Centro de Artes Culinárias no Mercado de Santa Clara.

Nada temos contra esta iniciativa, muito pelo contrário: a estratégia e o futuro dos mercados municipais é totalmente diferente do seu objectivo aquando da sua criação, quer por factores sociais quer económicos.

Assim, temos vindo a assistir à morte lenta de muitos mercados municipais: o 31 de Janeiro, Encarnação Norte ou Forno do Tijolo, para dar alguns exemplos.

Por outro lado, temos visto o executivo camarário a ceder parte das instalações a cadeias de supermercados, bem como a adaptação de outros para diferentes fins, como é o caso do Mercado da Ribeira.

No Mercado do Forno do Tijolo, além do LIDL, já se ouviu falar de tudo e mais alguma coisa: lojas tradicionais, depois mercado biológico, parque de estacionamento para moradores e ultimamente a sua adaptação para laboratórios de prototipagem.

Enfim, um conjunto de medidas avulso e que contrariam aquilo que o CDS tem vindo a reclamar desde o início deste mandato: uma estratégia para os mercados de Lisboa.

Nas duas discussões do Orçamento camarário, de 2010 e 2011, solicitámos ao Senhor Vereador José Sá Fernandes que nos apresentasse as linhas gerais do seu Pelouro para esta área.

O Vereador foi mais longe: garantiu a apresentação, a curto prazo, de uma estratégia, conforme exigido há muito pelo CDS, para os mercados municipais.  Mas o curto tornou-se longo, distante e até quase infinito.

Até hoje continuamos à espera da “bendita” estratégia e voltamos a perguntar, Senhor Vereador: quanto mais tempo teremos de esperar que se olhe para os mercados com uma visão de futuro? Quando é que este executivo irá perceber a necessidade de reformular toda uma actividade económica que, sem apoios e com dedicação, morrerá em breve, seja pelo ataque feroz das superfícies comerciais seja pela inércia do Pelouro dos Mercados?

Senhor Vereador, não queremos mais prazos e promessas vãs, queremos sim que concretize o prometido, apenas e tão só.


Em relação ao Regulamento para Venda de Fracções Habitacionais Municipais Devolutas a Jovens, o CDS não deixa de constatar alguma inconsistência no seu conteúdo.

Embora a iniciativa seja meritória e venha um pouco na sequência do Regulamento de 2004 aprovado por esta Assembleia Municipal, em que os candidatos teriam de se constituir em pessoas colectivas, entendemos que o regulamento deverá ser mais ambicioso e concreto. E porquê?

A Câmara não indica quais fracções serão afectas a este regulamento, pelo que tememos que se forem seleccionadas fracções autónomas, o sorteio irá culminar num flop, uma vez que parte da premissa de colaborar na reabilitação urbana de Lisboa.

Ora, se por um lado o Município deixa de ter um encargo com estas fracções mas mantendo-se proprietários das restantes no edifício, perguntamos: Onde vai o Município arrecadar verbas para as obras estruturais do imóvel? Vão os jovens recuperar o interior das suas casas e as do Município manter-se-ão em estado degradado?

Por isso mesmo, o CDS defende que afectação de fogos ao Concurso deverá ser por imóveis na sua totalidade, o que levará a outra preocupação que não vemos esclarecida: os jovens proprietários não terão capacidade financeira para efectuar obras estruturais no edifício, nomeadamente intervenções ao nível do telhado, fachada e das zonas comuns.

Se por um lado se está a povoar a cidade, essa não é garantia plena da reabilitação do tecido urbanístico e, por isso, perguntamos ao executivo camarário:

Quais são as medidas, programas ou mecanismos de apoio à reabilitação urbana que estão previstos para este caso?

Esta é uma questão fulcral no processo e que tem de ser acautelada a priori, sob prejuízo de subverter o seu objectivo e de não gerar uma efectiva e real reabilitação urbana de Lisboa.


No que respeita à Área Financeira, Senhor Presidente, gostaríamos de colocar algumas questões, em que o CDS destaca o seguinte:

- Avaliação dos compromissos e dívidas para 2012: não entendemos como é possível que, a meio da concretização do orçamento, já se avaliem as dívidas para 2012. Assim, que dívidas são e qual o montante apurado e porque não se estão a fazer os pagamentos?

O CDS já havia alertado para esta questão aquando da discussão da 1ª Revisão Orçamental, uma vez que a revisão deveria ter como objectivo o investimento e não o ainda pagamento de compromissos referentes a 2010…

O que se antevê para 2012 é uma repetição de 2011, ou seja, inúmeras alterações orçamentais para suprir estas dívidas e diminuir as reais dotações orçamentais.

Outro ponto em destaque são as reuniões do Município com a Troika, nas quais foi prestada a informação relativa a dívidas. Sendo este o órgão fiscalizador do município, entendemos que esta informação deva ser disponibilizada a todos os Senhores Deputados.

Sobre a Análise de execução financeira relativa ao 1ª semestre de 2011 da EGEAC, EMEL, GEBALIS, EPAUL e MARL, considerando que o funcionamento destas empresas tem efectivo impacto no passivo da CML e que se está a preparar uma fusão de empresas municipais que passará obrigatoriamente pela Assembleia Municipal (após decisão da Câmara), entende o CDS que a Assembleia, através da Comissão de Finanças, devia ter acesso a esta análise INDIVIDUALIZADA e a todo o trabalho que está a ser desenvolvido por este Grupo.

Na síntese da situação financeira é nos dito que em termos gerais e à data, estas empresas, não desenvolvem actividade que resulte no aumento de passivo para a CML, mas  a CML tem assumido para si encargos que eram das empresas municipais, como o que acontece com a EGEAC, que deixa de subsidiar determinados eventos e a transfere por contrato-programa essas verbas.

Em relação à EGEAC não é disponibilizada informação sobre a transferência efectiva de equipamentos e de pessoal de acordo com a reestruturação já em vigor.

Senhora Vereadora, gostaríamos que nos esclarecesse sobre alguns dados incompletos e que não constam na informação dos serviços, nomeadamente:

- Pagamento de 5.800 processos de despesa, corresponde a que montante?

- 184 Encontro de contas entre dividas a receber e dividas a pagar; quais os processos e as respectivas conclusões – a CML deve mais ou devem à CML;

- Anulação de 1.528 documentos de receita, é fundamental saber qual o montante e os motivos de anulação e a que anos económicos se referem?

- A Divisão de Execuções Fiscais arrecadou 2,8 M€ , quantos processos e qual a maturidade das dividas que foram cobradas? A CML tem um grave problema de cobrança da  divida e este valor não é comparável sem se conhecer o valor absoluto da divida por cobrar à data;

Em síntese, Senhora Vereadora, os dados apresentados são preocupantes:

- A taxa de execução em comparação com a homóloga de 2010 é inferior em 23%;

- A taxa de execução em comparação com a homóloga de 2010  é inferior em 18,5%;


Em termos gerais, 4 notas:

- Mais uma vez a informação é insuficiente para se elaborar a análise, porque não se conhece as taxas do Plano de Actividades.

- Não deixa de ser preocupante a baixa execução à data de 29% nos pagamentos em 2011 e de 57% nos compromissos.

- Verifica-se um aumento do endividamento líquido (apesar de estar dentro dos limites legais) de 74% para os 78% , corresponde a um aumento dos 403 para os 426 milhões de euros, acréscimo de 23 milhões para não se efectuarem pagamentos/liquidações???

- Por outro lado o prazo médio de pagamento está a aumentar de 69 dias em Junho de 2011para os 71 dias em Julho de 2011, apesar de diminuir face a 2010 é preocupante poderá indiciar problemas de tesouraria o que está em conformidade com o aumento da divida de curto prazo a fornecedores face a Dezembro de 2010, superior em 2,5 milhões de euros.


Para terminar, Senhor Presidente, uma última questão sobre os dados da Polícia Municipal.

O CDS tem vindo a questionar, há exactamente 1 ano, a baixa taxa de autos e infracções ao abrigo do Programa Tolerância Zero. Os números são baixíssimos, se tivermos em conta que foram transferidos, em 2007, 150 agentes da PSP para este Programa, não obtendo por uma única vez resposta da sua parte sobre a aplicação desta medida e os seus resultados.

Registamos que, nas últimas 3 Informações Escritas, a informação da Polícia Municipal não contempla o Programa Tolerância Zero, pressupondo que os seus dados estão diluídos nos números gerais de fiscalização.

Nesse sentido voltamos a perguntar, afinal, o porquê desta alteração: o objectivo do Programa foi atingido ou os números estão incluídos na fiscalização geral e por que razão?

É que tendo em conta os números de infracções registadas no último ano e meio, é praticamente impossível que estes 150 agentes tenham sido afectos ao Programa, uma vez que nem o rácio agente/infracção chegaria a UMA por ano!

Acreditamos que este rácio seja real, pelo que gostaríamos que o Senhor Presidente, enquanto responsável do Pelouro de Segurança, nos informe para que serviços foram desviados os referidos meios humanos.

Nesse sentido, gostaríamos de saber em que situação se encontra este assunto.


Deputado Diogo Moura

20 Setembro 2011

Intervenção do Deputado Diogo Moura - PAOD 13-09-2011


Exma. Senhora Presidente da Assembleia

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal

Senhores Vereadores, Senhores Deputados

Caro Público, boa tarde

O CDS-PP apresenta hoje uma recomendação relativa às obras de circulação automóvel na zona compreendida entre o Bairro Arco do Cego e a Avenida Duque d’Ávila.

A intervenção, sob responsabilidade do Pelouro da Mobilidade do Município, tem-se revelado, em particular para os moradores da Rua Dona Filipa de Vilhena, uma futura dor de cabeça.

Primeiro, foram surpreendidos, no final de Julho e durante o mês de Agosto e sem qualquer aviso por parte da Câmara, ao início das obras nos passeios desta artéria, em que lugares de estacionamento foram retirados. As únicas informações de que dispunham era as fornecidas pelos construtores presentes, embora as mesmas fossem contraditórias.

Seguidamente, os moradores solicitaram esclarecimentos à Câmara Municipal de Lisboa e à Junta de Freguesia de São João de Deus que, em conjunto, organizaram um encontro aberto à população, realizado a 12 de Agosto, em que o Senhor Vereador Fernandes Nunes deu as explicações sobre o objectivo das obras e quais as alterações no esquema de circulação e as melhorias, quer de fluidez de tráfego quer de maior oferta de estacionamento.

O esquema apresentado pretende efectuar uma nova distribuição de tráfego na ligação entre Campolide e a Alameda D. Afonso Henriques e que passará, entre outras, pela introdução de 2 sentidos na Av. João Crisóstomo e na Rua Dona Filipa de Vilhena, com possibilidade de viragem à esquerda em todos os cruzamentos.

A reunião, embora esclarecedora em alguns pontos, não convenceu muitos dos moradores que continuam a insurgir-se contra a intervenção camarária.

Ora, a alteração levada a cabo nesta última, a Dona Filipa de Vilhena, muito preocupa os seus moradores, por variadíssimas razões:

- A criação de 2 sentidos levará a existir apenas 1 via de trânsito em cada sentido, o que trará o caos para esta zona;

- A concentração de transportes públicos será maior, em que a paragem terá de ser efectuada na faixa de rodagem;

- A velocidade média da circulação da CARRIS cairá drasticamente por  falta de espaço para os autocarros se cruzarem, mesmo sem contar com o estacionamento em 2ª fila;

- A artéria comporta 3 superfícies comerciais com descargas diárias e efectuadas muitas das vezes por carrinhas de grande porte, o que levará, inevitavelmente, ao corte do trânsito, entre outras críticas.

O que nos leva hoje a apresentar esta recomendação, além da salvaguarda dos direitos dos moradores e comerciantes e o garante de sua qualidade de vida, é o facto do projecto não contemplar uma solução, para além da semafórica, para o final da Rua Dona Filipa de Vilhena, no seu cruzamento com a Av. Visconde de Valmor e Rua Arco do Cego, a qual passará também a ter 2 sentidos.

Esta junção de artérias, tendo em conta o seu desenho urbano, de passagem estreita e curvada, em conciliação com um troço que, ao longo dos anos, tem vindo a ser alvo de um aumento exponencial de tráfego, em grande parte fruto da construção do edifício da Caixa Geral de Depósitos, tornará esta zona num caos de mobilidade.

As soluções poderão ser várias mas que terão de passar, sempre, por uma alteração do desenho urbano e de circulação, uma vez que o actual parque de estacionamento na confluência das 3 artérias torna inexequível qualquer projecto de circulação, visto ser o único espaço, público, não edificado.

Nesse sentido, o CDS-PP recomenda à Câmara que, antes de proceder à abertura da Rua Dona Filipa de Vilhena com 2 sentidos, planeie uma solução viável para o cruzamento deste arruamento com a Av. Visconde de Valmor e a Rua Arco do Cego.

Cremos que o Senhor Vereador Nunes da Silva, da mesma forma que esteve disponível para reunir os moradores, terá essa preocupação e que a solução encontrada seja apresentada e discutida com os moradores.

No que respeita às restantes moções e recomendações, dizer que não podíamos estar mais de acordo com as recomendações 3 e 5 apresentadas pelo PSD sobre as melhorias de acessibilidade entre os Jerónimos e a zona ribeirinha e o arranjo do jardim da Torre de Belém, assunto sobre o qual o CDS apresentou uma recomendação em Setembro de 2010 e a qual foi aprovada sem que, até à data, se tenha verificada qualquer evolução e resposta por parte deste executivo camarário.

Passaram-se 2 anos; é uma vergonha que Lisboa e Portugal carregam.

                Por fim e sobre as moções e recomendações referentes a nova designação da Estação Baixa-Chiado para “PT Bluestation”, deixo duas notas: O CDS nada tem contra o patrocínio por parte de empresas privadas, e neste caso, se as mesmas contemplarem a melhoria dos serviços. Como constatamos diariamente, há inúmeras estações em que as escadas rolantes não funcionam e em que os elevadores nunca chegaram a funcionar.

Se o acordo previr que estas contrapartidas irão melhorar os problemas sistemáticos das estações, não temos nada contra; o que não se pode aceitar é a alteração dos nomes, por completo, das estações, como se o espaço público e a identidade se vendessem por qualquer preço, ainda mais que uma alteração para uma língua estrangeira releva uma “saloice” que não enaltece uma rede metropolitana repleta de símbolos portugueses, nem permite uma correcta identificação das estações.

Ou seja, façam-se parcerias para melhorar as condições da rede de metropolitano mas não se impeça entendimento sobre onde é que uma estação se localiza.

Senhor Presidente, os Deputados Municipais do CDS dedicaram a manhã de hoje a percorrer as estações do Metropolitano dentro do concelho de Lisboa e o panorama, devo-lhe dizer, não é positivo.

Por isso, apresentamos o ponto de situação das estações no que toca às acessibilidades, rogando à Câmara que faça chegar à Administração do Metro, a saber:

ELEVADORES:

Das 28 estações do Metropolitano de Lisboa que dispõem de elevadores, 20 têm este equipamento avariado. Só nó Rossio e Cais do Sodré, há três elevadores, todos eles fora de serviço;

A situação repete-se na estação da  Baixa-Chiado, Ameixoeira, Rato na Linha Amarela,  em mais três da Linha Vermelha - Olivais, Chelas e Olaias, e na estação de Alameda e Roma na Linha Verde.

 ESCADAS ROLANTES:

Em toda a rede, existem 30 estações com escadas rolantes e em 10 estações as escadas não funcionam !!

Olivais, Olaias (Linha Vermelha), Rato, Ameixoeira (Linha Amarela), Santa Apolónia, Avenida, Parque e Baixa-Chiado (linhas Azul e Verde)

Para terminar e já que o debate se inicia pelo baptismo da estação da Baixa-chiado, salienta-se que ,em 2010, a Baixa-Chiado, registou 144 avarias nas escadas rolantes no ano passado o que dá, em média, 2 a 3 avarias por semana!

Obrigado.

Deputado João Diogo Moura

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